Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Receita
Federal deflagraram, na manhã desta segunda-feira (11), uma operação
para investigar o pagamento de R$ 160 milhões em propinas a um auditor
do Fisco, ao longo de 14 anos, para acelerar a liberação de R$ 2 bilhões
em créditos tributários à empresa JBS, dos irmãos Wesley e Joesley
Batista.
O auditor já foi afastado judicialmente e oito pessoas físicas e
jurídicas tiveram os bens bloqueados por suspeita de envolvimento no
esquema. A J&F Investimentos, grupo que controla a JBS, disse que
não comentaria o trabalho da PF, mas afirmou que os créditos são
"recursos legítimos que a companhia teria a receber".
Ao todo, 14 mandados de busca e apreensão são cumpridos na operação,
batizada de Baixo Augusta. Eles têm como alvo residências e empresas em
São Paulo, Caraguatatuba, Campos do Jordão, Cotia, Lins e Santana do
Parnaíba.
Na capital paulista, os policiais visitaram o posto da Receita Federal
onde o auditor investigado trabalhava, na Rua Augusta, e também o
escritório e a casa dele, ambos no bairro de Santana, na Zona Norte da
cidade.
A investigação teve início a partir do acordo de delação premiada
selado entre a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a J&F. Ou
seja, trata-se de mais um desdobramento da Lava Jato.
Os delatores contaram que um auditor-fiscal recebeu grandes quantias de
dinheiro para agilizar, ilicitamente, a liberação de recursos que a
empresa teria a receber da Receita a título de créditos tributários. A
denúncia foi encaminhada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Justiça
Federal de São Paulo porque não envolve pessoas com foro privilegiado.
De acordo com a PF, há indícios de que o esquema de corrupção funcionou
por mais de uma década, entre 2004 e 2017. Aproximadamente R$ 160
milhões em propina teriam sido movimentados no período.
As transações, segundo a polícia, aconteciam por meio de empresas de
fachada e da emissão de notas fiscais falsas, e ajudaram a JBS a obter
cerca de R$ 2 bilhões antecipadamente.
Em nota, a J&F disse que "não é alvo da Operação Baixo Augusta". "A
empresa não fará comentários sobre a ação que está sendo realizada hoje
e que decorre do acordo de colaboração firmado com a Justiça. A J&F
reitera ainda que, conforme nota divulgada pelo MPF, os créditos à JBS
são recursos legítimos que a companhia teria a receber do Fisco",
completa o texto.
FONTE: http://g1.globo.com/
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